sábado, 27 de outubro de 2007

O passar das coisas


Nada tem mais o tom quieto de antes, como se a mudança estivesse a quilômetros de distância, sem nenhuma intenção de passar umas férias por aqui, porém agora só posso afirmar que ela chegou para o jantar, e está cheia de fome.
Mato pernilongos - enquanto minha cabeça fervilha de idéias - para que eles não tomem o pouco sangue anêmico que carrego comigo, sem brilho e sem nenhuma pretensão de ser o sangue que salva a vida de alguém. acho que eu mesma nunca tive a pretensão de salvar a vida de alguém. Pretensões são coisas que nunca realizaremos de maneira espontânea, como quando a gente abre a porta de um local pra alguém ou deixa aquela senhora idosa sentar no banco do ônibus. Atualmente nem sei quai seriam as minhas pretensões.
A vida me parece algo que não se modifica para a maioria das pessoas, é sempre o mesmo filme que é posto pra rodar no projetor de cada um. Pior que temo que a minha vida seja assim, mas depois paro pra pensar: ela não é normal, então já tem o mérito de ser diferente das outras, mesmo que não seja brilhante. Pra sermos brilhantes precisamos batalhar bastante ou saber bajular as pessoas certas, mas o que me falta de cara de pau tenho de preguiça. Preguiça mesmo...mania de deixar tudo pra amanhã, mesmo quando o amanhã é o dia D. E enquanto isso a vida passa, e eu nem percebo.
Penso se as pessoas também deixam as horas de suas vidas passarem sem atividades produtivas. E penso também no que farímaos para deixá-las supostamente produtivas. E realmente percebo que não sei nada mesmo, sou uma inexperiente em vida comum e problemas práticos. Não sou prática, não sou tão moderna, não sou esperta, enfim, sou uma pequena pseudo-nerd medícore que não vai contribuir pro bem da humanidade em nada. Mas pelo menos me incomodo com minha inércia perante o mundo, embora não faça nada contra iso. Melhor que simplesmente ser alheia. Não, melhor ser alheia, sofre-se menos com a nossa suposta inatividade mundial.
As músicas tristes são portas que abrimos para dentro de nós mesmos, nas quais encontramos a concordância das coisas de dentro com trehos de amores vazios e frustrações perdidas e encontradas.
Não escondo o meu amor fácil sempre frustrado. Ultimamente o orgulho levemente frustrante de ostentá-lo como a um filho bem criado por tanto anos é enorme, mesmo que a derrota deja vergonhosa perante um sociedade selvagem que deseja de nós sucesso reprodutivo-afetivo e filhos aos quinze anos. Não fico oficialmente pra tia, não tenho irmãos. A solidão da minha caverna casa é maravilhosa, lá fora os tigres de bengala e mamutes enfurecidos podem me pegar e me estraçalhar. Não lido com a sociedade como ela quer que eu faça. Melhor não deixá-la mais triste por não poder satisfazê-la como ela queria.
Gostar e querer falar coisas bonitas...sempre!!Mas nunca falar nada, nem mesmo que se gosta...o medo de não ter êxito é maior que a força de tentar. Não deveria ser assim, mas rejeição não...mais uma vez, duas, três, não...isso porque nem foram oficializadas, só a possibilidade já é apavorante. Sou apavorada com a vida, e não sou tão moderna, meninas modernas sim que pressionam seu homem de desejo até terem o que querem, sem medo de serem chamadas de qualquer coisa. Inclusive de amigas.
Acho que vou ficando por aqui, as coisas não querem ser conhecidas como as coisas que passam, mas sim as que se passam, então deixe que continuem no ar ao invés de se perderem no meio de um emaranhado confuso de palavras.

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